Penúltimo encontro antes das eleições surpreendeu pela ausência de ataques entre presidenciáveis.
O debate de ontem entre Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT), na TV Record, foi menos agressivo que os dois anteriores, promovidos por Bandeirantes e SBT, na semana passada. Sobretudo no começo, houve alguns momentos em que os candidatos discutiram propostas e ideias para a próxima gestão. Apesar do clima ligeiramente menos belicista, predominaram as críticas as ações do governo do partido adversário.
Surpreendente para quem acompanhou a guerra dos primeiros debates,o encontro de ontem começou com discussão sobre a tributação de micro e pequenas empresas, abordada por Dilma Rousseff (PT). A questão foi tão surpreendente que mereceu cumprimento de Aécio Neves (PSDB). “Agradeço a qualidade da sua primeira pergunta”.
O clima amistoso começou a ficar para trás quando o tucano inseriu o tema segurança e questionou onde o Governo Federal fracassou no enfrentamento da criminalidade e das drogas. Destacou também as baixas perspectivas para o crescimento econômico.
Dilma disse não saber por que o candidato é “tão pessimista” tanto em relação ao PIB quanto sobre a violência. Ela voltou a citar número do Mapa da Violência que mostrariam aumento da violência em Minas Gerais no período de gestões tucanas, enquanto índice teria caído na região Sudeste. Aécio rebateu e disse que, em seu governo, a violência caiu tanto na Capital quanto no conjunto de Minas.
Na pergunta seguinte, Dilma perguntou sobre proposta de flexibilização da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada quando Aécio era presidente da Câmara dos Deputados, que retiraria direitos da lei e os submeteria a negociação entre patrões e empregados.
Aécio lembrou ter sido deputado constituinte e disse que “participou da elaboração de todo o capítulo que diz respeito ao direito dos trabalhadores”. Ele negou qualquer perspectiva de ir contra os trabalhadores e enfatizou propostas para o caso de ser eleito, como ganho real para o salário mínimo até 2019.
Aécio abordou o tema inflação e Dilma destacou seu receio com os métodos que o adversário adotaria para reduzir a inflação. “Vocês sempre gostaram de plantar inflação para colher juros”.
Corrupção
O tema corrupção esquentou definitivamente o debate. Aécio perguntou se o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, deixará suas funções após ser citado por envolvidos em desvios na Petrobras. Dilma rebateu e perguntou se o adversário confia nas pessoas do PSDB que também foram acusadas. Ela citou a delação do caso do cartel do Metrô e dos trens de São Paulo, e na época, Aécio teria dito que não dá pra acreditar em delator.
O tucano ressaltou que não foi Dilma quem mandou investigar. “Triste de um país onde o presidente é quem determina quem seja investigado. Pode funcionar em ditaduras amigas de seu governo”.
A postura serena dos candidatos se manteve no quarto bloco, destinado às considerações finais. Aécio e Dilma agora se encontrarão no debate da TV Globo, no dia 24.