O vigilante João José Nascimento Gomes negou nessa segunda-feira (20) na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/MA), no Calhau, que tenha sido autor dos golpes de faca que mataram o advogado Brunno Matos e vitimaram Alexandre Matos e Kelvin Chiang. Na ocasião, João Gomes solicitou segurança e afirmou que devolver a quantia de R$4.900,00 ao advogado Hadaiar Matões Rodrigues Neto.
Segundo ele, o advogado Hadaiar Matões o coagiu e exigiu que ele assumisse o crime ao delegado Márcio Dominici durante o seu interrogatório, no 7º Distrito Policial, no bairro do Turu, ocorrido no dia 15. O advogado contratado por João José Nascimento Gomes teria dito que ele não iria ser preso em uma das unidades de Pedrinhas e que responderia pelos crimes em liberdade. “O advogado só iria me defender caso eu afirmasse ser o autor do crime e não iria ficar preso em Pedrinhas”, afirmou o vigilante.
João José também afirmou que no dia do crime ele estava fazendo rondas pela rua de bicicleta e durante a briga estava procurando a cadela, que pertence a Carlos Marão, e ao transitar nas proximidades onde estava ocorrendo a briga a sua faca teria caído do bolso da calça. “De fato, a faca usada no crime é de minha propriedade, mas não sou eu a pessoa que matou o advogado. No momento, ando com medo de sofrer alguma represália pelo fato de ter dito a verdade”, afirmou João José Nascimento.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/MA, Antônio Pedrosa, informou que a ordem vai acompanhar os transmites do processo. Inclusive, já houve até mesmo uma reunião, na semana passada, com o secretário de Segurança Pública, Marcos Affonso Júnior. No momento, a ordem vai indicar um novo advogado para o caso e o advogado Hadaiar Matões será inquirido pelos integrantes da Comissão de Prerrogativa da OAB/MA para dar explicações sobre essa denúncia. “Essa atitude do doutor Hadaiar é muito suspeita, pois o máximo que um advogado de defesa pede ao seu cliente é que fale apenas na presença do juiz, e ainda iremos verificar se existe algum tipo de ligação dele com os outros acusados”, frisou Pedrosa.
Na quinta-feira (16), o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Maranhão, Mário Macieira, afirmou em entrevista à rádio Mirante AM que a mãe do vigilante João José Nascimento Gomes denunciou à Comissão de Direitos Humanos que o filho teria sido coagido para assumir a autoria do assassinato do advogado.
“Ficamos muito surpresos com a procura da mãe do vigilante, o João, que afirmou ao presidente da Comissão de Direitos Humanos, o Pedrosa, que ele está sendo coagido. Toda prova anteriormente colhida já apontava para a autoria dos fatos. No depoimento do Marão, quando reinquerido, ele disse que o vigia presenciou, mas não matou. Estamos muito surpresos com isso. Fomos com uma comissão falar com o delegado Marcos Affonso, que nos assegurou que vão investigar todos os fatos, sem proteção. Nós confiamos muito no trabalho da polícia. Os dois sobreviventes reconheceram como autor das facadas o Diego. O Marão declara que o vigia não participou. Como que de uma hora para outra o vigilante assume a autoria dos fatos?”, questionou Mário Macieira, presidente da OAB-MA.
Reunião
O subdelegado geral da Polícia Civil, Augusto Barros, realizou ontem uma reunião com a comissão composta pelos titulares da Delegacia de Homicídios, Jeffrey Furtado e Guilherme Sousa Filho, e do 7º Distrito Policial, Márcio Fábio Dominici, que está designada para concluir os autos complementares do inquérito policial sobre o assassinato do advogado e assessor jurídico do Partido Socialista Brasileiro (PSB), Brunno Eduardo Matos Soares, de 29 anos, e pelas duas tentativas de homicídio que tiveram como vítimas Alexandre Matos Soares, de 25 anos, e Kelvin Kim Shiyangue, de 26 anos. O fato ocorreu na madrugada do dia 6 de outubro, durante a festa de comemoração pela eleição de Roberto Coelho Rocha, da coligação Todos pelo Maranhão, em uma residência, localizada na Rua dos Magistrados, no bairro do Olho d’Água.
O encontro ocorreu na sede da Secretaria de Segurança Pública, na Vila Palmeira. Segundo o delegado Guilherme Sousa Filho, a reunião serviu para traçar os novos caminhos do trabalho investigativo sobre o caso. Ele frisou que a comissão tem 30 dias para concluir todo o serviço e, no decorrer desses dias, ocorrerão novos depoimentos, imagens de circuito de segurança serão analisadas e resultados de perícias coletados e anexados ao inquérito. Somente no término do trabalho está prevista para ocorrer a reprodução simulada dos fatos.
Ele explicou que o delegado Márcio Fábio Dominici enviou o inquérito policial à Justiça, no último dia 16, porque houve a necessidade de atender ao prazo judicial. “Como aconteceu a prisão em flagrante de Carlos Humberto Marão Filho, 38 anos, caso não atendesse ao prazo de 10 dias, poderia abrir uma lacuna para o relaxamento da prisão do suspeito. Mas o inquérito foi para a Justiça com o pedido de devolução”, explicou o delegado.
A comissão foi criada pela Delegacia Geral da Polícia Civil, na sexta-feira, com o dever de explicar as contradições que ocorreram durante o trabalho investigativo, principalmente no tocante às declarações apresentadas para a polícia tanto pelos acusados quanto pelas vítimas.