Mesmo com o PMDB em rota de colisão com o governo e já mirando 2018, o Palácio do Planalto aposta no vice-presidente Michel Temer para tentar a chancela dos peemedebistas à reforma ministerial. O vice-presidente passou a semana passada na Rússia e na Polônia e desembarca hoje em Brasília, para uma conversa com a presidente Dilma Rousseff. Ele chega, contudo, pouco disposto a ceder aos acenos decorrentes da reforma ministerial que será anunciada até quarta-feira. Nenhum cargo ou ministério novo será suficiente para alinhar automaticamente a legenda ao governo. Além da reforma ministerial, Temer ainda deve apresentar o posicionamento do partido em relação ao ajuste econômico e à recriação da CPMF sugeridos pelo governo.
Temer chegou ao país na sexta-feira e foi direto para São Paulo. Ele, provavelmente, não estará presente na reunião de coordenação política na manhã de hoje, em que serão retomadas as negociações para os cortes no Orçamento e as mudanças na reforma administrativa. A ausência não significa distância do que está acontecendo. Pelo contrário. Temer passou o fim de semana em contato com correligionários, sobretudo do Senado Federal. Ficou acertado que o partido não aceitará qualquer oferta da presidente Dilma Rousseff para ampliar seu espaço na Esplanada. Pegou muito mal na legenda a insinuação de que a presidente estaria disposta a ceder três pastas a mais para garantir a fidelidade do partido no momento em que o Planalto tem pesadelos com os movimentos da oposição por um impeachment.
Tampouco foram bem vistas pelos peemedebistas as especulações de que a emissária da proposta seria a ministra da Agricultura, Kátia Abreu. “Quem é Kátia Abreu para ser emissária de alguma oferta para o PMDB? Que ascendência ela tem no partido? No Senado, não influencia ninguém e, na Câmara, nenhum deputado a conhece”, resumiu um cacique peemedebista.
Correio Braziliense