As novas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) que ainda nem foram instaladas na Câmara deram o primeiro sinal das tensões que devem marcar a relação entre governistas e oposição neste segundo semestre. Em encontros que ocorreram na casa do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e nas primeiras reuniões de trabalho desta terça-feira (4), oposicionistas costuraram acordo para tentar impedir que o PT assuma qualquer cargo de importância como o comando ou a relatoria das comissões investigativas que vão tratar de denúncias de irregularidades envolvendo os fundos de pensão e o Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
“A maioria dos parlamentares decidiu nesta lógica”, disse o líder do DEM, Mendonça Filho (PE), acrescentando que esse caminho seria melhor para a “apuração” para trazer “a verdade à tona”. Para garantir essa manobra, o DEM, no acordo, assumiria a presidência da CPI dos Fundos de Pensão e a relatoria ficaria nas mãos do PMDB.
O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), reagiu ao saber das negociações. Para o petista o acordo reflete apenas “o desejo da oposição” e, com maioria, a base conseguirá emplacar um nome para os principais cargos das duas CPIs. “Era só o que faltava a base ficar fora dos comandos das CPIs. A oposição já foi governo. Quem indica é o bloco. O relator é do bloco e se vai ser do PT ou do PR é uma decisão do bloco”, disse aconselhando a oposição a “baixar o tom”. “A oposição não é porta-voz do PT, do PR ou de qualquer outro partido do bloco”, completou.
Pelo regimento, o maior bloco, atualmente liderado pelo PMDB (151 parlamentares) deve ser o primeiro a indicar o cargo de preferência e, ainda, ficar com o maior número de parlamentares na composição geral do colegiado. O PT, que tem a segunda maior bancada da Câmara (63 parlamentares) deveria ficar com a segunda escolha entre os principais assentos da CPI, e pode indicar um nome da base aliada.