Uma das delatoras da Lava Jato, a marqueteira Mônica Moura relatou à Procuradoria Geral da República (PGR) que o marido dela, o publicitário João Santana, exigiu em contrato na eleição de 2010 autonomia para tomar as decisões da primeira campanha presidencial de Dilma Rousseff. Mônica afirmou aos procuradores da República que, à época, a avaliação era de que a petista ia perder. “Era impossível, era um poste para eleger”, avaliou a marqueteira.
A declaração foi dada por Mônica Moura em um dos depoimentos de sua delação premiada. Ela e João Santana fecharam um acordo de colaboração com a PGR para reduzir a pena de prisão.
Nesta quinta (11), o relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF, ministro Edson Fachin, derrubou o sigilo das delações premiadas do casal de marqueteiros. Os vídeos dos depoimentos foram divulgados nesta sexta (12).
VEJA OS VÍDEOS DA DELAÇÃO DO CASAL
“Numa campanha, por exemplo, como a da Dilma, de 2010, dificílima, todo mundo apostava que ia perder. Era impossÍvel, era um poste pra eleger. O João nãoo aceitava que, por exemplo, ficassem 10, 12 pessoas do PT dando opinião no programa [eleitoral]. A nossa parte era o marketing. TV, rádio, música, jingle. O João não permitia, colocava no início, como cláusula: ‘eu não aceito que fique aqui um conglomerado de gente do PT, todo mundo dando opinião”, declarou a publicitária em um dos vídeos da delação premiada.
O casal João Santana foi o responsável pelas duas campanhas eleitorais de Dilma, em 2010 e 2014. Afilhada política do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a petista venceu, em 2010, o tucano José Serra (SP) no segundo turno com a assessoria de comunicação de João Santana.
O marqueteiro e a mulher dele foram presos em 23 de fevereiro do ano passado, na 23ª fase da Lava Jato – batizada de Acarajé. Eles foram soltos seis meses depois por ordem do juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato na primeira instância.
Em fevereiro deste ano, o magistrado do Paraná condenou o casal a 8 anos e 4 meses de prisão por lavagem de dinheiro.
Do G1